terça-feira, 2 de novembro de 2010

Alquimia e reciclagem



Transformar chumbo em ouro, foi a lendária tarefa dos alquimistas. Sabemos a receita, é simples, meio difícil de ser executada fora de uma “forja estelar”. Uns prótons e nêutrons a menos e chumbo vira ouro.

Em nossa modesta forjinha estamos longe de temperaturas solares. Podemos nos dedicar à alquimia moderna, a reciclagem. Tirando fora o homem, na natureza não existe lixo, o que não é aproveitado por um é usado por outro. Usando a magia alquímica, reciclamos para que no futuro não moremos no planeta lixo. Transformamos o lixo em facas nobres e nem precisamos mover prótons e nêutrons.



De vez em quando seu carro passa por um buraco e você os percebe maiores. Hora de trocar o amortecedor, ou logo sairá pulando como um canguru. Para onde vão estas peças rejeitadas que nos serviram por quilômetros em nossas estradas esburacadas? Passar o resto dos seus dias no céu das peças usadas, o ferro velho que carinhosamente chamamos de paraíso do tétano. É lá que garimpamos nosso “chumbo”, muitos teriam objeções a dar nova encarnação a peças velhas, preferindo comprar o aço virgem e com pedigree. Em parte poderiam ter razão, existem diversos tipos de aço, precisamos conhecer bem as características para saber a maneira correta de trabalhar o metal para extrairmos o ouro de uma faca nobre.



Conhecimento não pesa, e raramente atrapalha, vamos pensar: Na indústria a maioria das peças é feita com um tipo de aço específico, dentro de tolerâncias estritas, se conhecermos a especificação da determinada peça, teremos um aço velho com melhor pedigree que o virgem.



Na foto acima, podemos ver a seqüência a partir do nosso resto de aço. A primeira tarefa é abrir o “blank”, trabalho social e bruto feito em conjunto. O ferro velho vai tomar o passo inicial para sua reencarnação. Depois o “blank” irá começar a tomar forma a marretadas e fogo na temperatura correta, ser trabalhado, temperado, revenido, polido e afiado para depois ganhar um belo e confortável cabo e missão cumprida. Hora de comemorar.



Um detalhe, o belo tempranillo é para comemorar o fim do trabalho. Uma gota de álcool e você ganha cartão vermelho na forja. Afinal, ninguém quer ser estúpido e perder um dedo.

Abraço,
Alê

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