sexta-feira, 18 de março de 2011

A Forja e a Bicicleta




Em nossa penúltima sessão de forja, a chuva repentina nos tirou do trabalho e deixou um gostinho de “quero mais”. Do ponto em que iniciamos até agora as coisas vão bem, o time está motivado e os resultados são promissores. Foi um custo abortar a martelança, por conta de pingos gordos que teimavam em cair sobre os mil graus da forja, o desejo da tripulação era manter o barco em frente, mas em nome da segurança tivemos que aportar. Foi chuva forte, mas nada ainda comparada com os dilúvios bíblicos que assolaram os últimos meses.



Chuvas, trabalho de fim de ano, festas, descanso de fim de ano e mais trabalho de fim de ano até uma nova oportunidade aparecer, desta vez entremeada com um churrasco familiar. Apesar do calor a tripulação da nave de Hephaestus estava ávida por mais um encontro com o metal quente. Depois de tantos contratempos o medo nos assolava: será que em todo este tempo longe dos domínios do deus do fogo, parte de nosso árduo trabalho de aprendizado estaria perdida? Retroceder para uma briga insana com o metal para dominar-lhe a vontade não parecia uma grande perspectiva.

Preparamos o terreno, acendemos a fornalha, timidamente deixamos nossas peças em seu interior até que chegassem no laranja correto, começamos o trabalho. O bruto diálogo com o metal parecia estar rendendo, o aço não se mostrava teimoso e de maneira calma tomava a forma que lhe ordenávamos. O medo estava vencido, ainda tínhamos a mesma intimidade com o metal quente que esteve presente em nosso último encontro, Cronos não ousou roubar o aprendizado, e por este motivo nos sentimos mais confiantes em avançar na tarefa.



Uma vez que você aprende a andar de bicicleta nunca esquece, parece que acorre o mesmo na forja. A memória muscular que só é adquirida com treino árduo não é fácil de adquirir, mas muito mais difícil de perder. Apesar de no início termos conhecimento intelectual de como bater no aço, o movimento correto e a força necessária não está em nosso domínio, é preciso treino, que ficará gravado em nossos músculos; o ângulo correto do martelo, a força, até o jeito de segurar a peça fazem grande diferença, uma batida mais forte no ângulo errado e deformamos a faca para o lado que não queremos e o conserto dará trabalho, se não tiver mais erros.



Aprendemos que a benção de Hephaesto dura mais que alguns contratempos da vida diária, e assim, com mais moral, vamos ao nosso objetivo.

Abraço,
Alê

2 comentários:

  1. Mais uma vez, seus textos deixam um gostinho e quero mais... rs
    As facas estão ficando incríveis. Parabéns.
    Quero estar com vcs da próxima vez! Vejam se não se esqueçem de mim, ok?

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  2. A idéia é usar o diário de bordo para atrair mais loucos para a nave de hephaestus, é diversão interessante e construtiva.

    Abraço,
    Alex

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